As joias sempre me encantaram e trabalhar com elas faz meu coração vibrar…
Sempre gostei de desenhar, de fazer trabalhos manuais e principalmente de criar. Perceber um objeto pelo desenho de seus traços, pelo movimento e percursos, é o que guia o meu olhar. Não foi à toa que me formei em arquitetura e design, mas, paixão mesmo, sempre foi a joalheria, e, por causa dela, fui estudar na Itália, onde fiz minha primeira especialização em joias.
No meu caminho como joalheira, aprendi que é importante estar em constante experimentação, em busca de desafios e novos limites. Gosto de trabalhar o simples e reinventar. Tento trazer essa experimentação em todos os aspectos da joia desde seu conceito até na produção.
Joia pra mim é forma de expressão.
Joia é prazer, é fazer, é comunicação.
Fazer joia é como um bate papo, o que ela quer contar, qual a história dela?
Como num projeto de arquitetura, fazer joia é construir sonhos do usuário.
Através da joia consigo dizer o que sinto ou como me sinto e como quero que me percebam.
Uso joia quando quero me proteger e quando acredito que traz força e poder.
Expressão de sentidos, de sentimentos, de ações, de atitude. É dizer quando faltam palavras.
Não é só um adorno, pode ser forma de se fazer conexões, seja consigo mesmo ou com o outro, conexão com o mundo ou com o extra mundo, adorno que pode ir além de qualquer entendimento.
Quando me interessei por este universo, eu tinha 15 anos e comecei a buscar conhecimento e fazer os primeiros desenhos e peças. Resolvi, ainda na faculdade, que iria fazer um curso no exterior de qualquer jeito! rsrs…. Fui aos 22 anos, em 2002, numa época em que nem celular se usava direito ou do jeito que é hj…rsrsrs…
Por causa dessa vontade de entender e me fazer inteirar de todo esse processo criativo, tomei coragem e fui fazer o curso de Ourivesaria e Desenho de joias em Florença. Foi um momento de muito crescimento para mim, me joguei num mundo completamente desconhecido e, ao mesmo tempo, o mundo em que eu queria estar, pois achava que isso iria me conectar com meu propósito: entender e fazer aquelas joias que eu amava tanto ou aquela ideia que casquetava na minha cabeça de tornar algo real.… com significado real… com sentimento real…
Sabe, isso me conectou comigo mesma, precisei superar, sair para o mundo e ao final, percebi que isso era a única forma de me reencontrar, me redescobrir, descobrir o meu propósito, o meu talento… porque, para mim, é assim, tudo que você faz com entrega, paixão e verdade já deu certo, porque o sentido da vida brota de dentro para fora e não o contrário.
Por exemplo, quantas pessoas que se reencontraram e reconquistaram seu amor próprio, descobrindo seu talento e seu potencial, aprendendo a fazer joias ou por meio do próprio objeto?
Tem uma história de uma peça que fiz que representa um pouco disso, uma pulseira que tinha a palavra família escrita com a letra da avó, a matriarca da família. E essa palavra foi retirada de uma carta que ela escreveu sobre isso, sobre o significado e importância da família. A pulseira virou uma homenagem a esse sentimento vivo que ela deixou, em que todas as mulheres que fazem parte da família, carregam no pulso.
Ou quando algum aluno me conta como as aulas de ourivesaria fizeram bem para a alma, ajudaram a vencer a depressão ou cuidaram da mente para evitar o caos.
Por isso, pra mim, joia é magia, é transformação, tanto do próprio objeto quanto da pessoa….
Mas uma joia pode também ser simplesmente bonita, esteticamente bela.
E a casa da joia é o corpo, e o corpo é a casa da alma.
Falar de joia é falar de carinho, falar de cuidado, falar de sonhos, de imaginação…
Joia é amor em uma caixinha!